quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Parceria viabiliza barracão para armazenar castanha-do-Brasil dos Índios Cinta-Larga de Aripuanã

Poço de Carbono Juruena - Com o objetivo de incentivar a conservação florestal através do seu uso sustentável o projeto Poço de Carbono Juruena, desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e com patrocínio do Programa Petrobras Ambiental, e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), concluíram este mês a instalação de um barracão na Aldeia Areial, do povo indígena Cinta Larga, no noroeste de Mato Grosso.
Além do barracão, que será utilizado para armazenamento de castanha do Brasil, foi instalado também um secador que garantirá uma melhor qualidade do produto.

A expectativa é que o barracão com 100 m2 e com capacidade de armazenamento de até 60 toneladas de castanha, instalado na aldeia Areial, que fica no centro da Terra Indígena, a 90 km do limite do Parque Indígena Aripuanã, beneficie indígenas Cinta-Larga de quatro aldeias. De acordo com Paulo Nunes, coordenador técnico do projeto Poço de Carbono Juruena, a infra-estrutura instalada vai garantir a venda de castanhas daquela terra indígena diretamente para a Cooperativa de Agricultores do Vale do Amanhecer (Coopavam), em Juruena (MT) onde funciona uma fábrica de beneficiamento da amêndoa, sem nenhuma participação de atravessadores.

Segundo Leomar Rosa, Agente da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Aripuanã, este trabalho já motivou os índios a ampliar a colheita de castanha numa área muito maior do que a tradicional, por causa da possibilidade de armazenar maior quantidade e em local apropriado sem perder o produto, e também da comercialização garantida para a Coopavam, com preços mais justos, como já aconteceu durante esta última safra. Também informou Leomar que o posto da Funai de Aripuanã está aberto para ampliar esta parceria com o Poço de Carbono Juruena, incluindo o plantio de pomares nas aldeias e quintais das escolas indígenas com uso de frutíferas nativas.

Um estudo realizado em 2008 por técnicos do PNUD mostrou que a maior concentração de castanhais do Noroeste está localizada exatamente dentro das Terras Indígenas. Este estudo também mostrou que a atividade de coleta de castanha pode ser mais rentável que a atividade madeireira, por exemplo. “Com este trabalho, um importante legado está sendo construído no sentido de formar um capital social nas aldeias, em que a juventude conheça o real valor econômico da floresta, através do seu uso múltiplo, considerando o potencial de produtos florestais não-madeireiros fora do mercado dos atravessadores, que escravizaram esses povos até agora”, explica Paulo Nunes.

Nunes explica que o projeto Poço de Carbono Juruena apóia a Coopavam porque ela se baseia no mercado solidário, com preços justos discutidos em planilhas abertas com os seus parceiros. Além disso, parte da castanha da Coopavam atende a merenda escolar nos municípios de Juína, Castanheira, Cotriguaçu, Colniza, Aripuanã e Juruena.

Cinta-Larga
 O povo indígena Cinta-Larga vive num território de 2.585.498 hectares distribuídos entre as Terras Indígenas Aripuanã, Roosevelt, Serra Morena e o Parque Indígena Aripuanã, que juntos concentram uma população de 2.000 pessoas. Estas áreas são contíguas num corredor de florestas que abrange as nascentes dos rios Aripuanã e Roosevelt, afluentes do rio Madeira. Nesta região, um dos maiores potenciais da floresta está relacionado a produção de castanha-do-Brasil.

Carbono Juruena
O objetivo central do projeto Poço de Carbono Juruena, executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental, desenvolvido na região Noroeste de Mato Grosso, é demonstrar a viabilidade econômica de sequestro de carbono por meio de Sistemas Agroflorestais – SAFs, que fixam o carbono e geram renda aos pequenos e médios agricultores rurais de forma associada e participativa. A expectativa é que seja um modelo de projeto de desenvolvimento rural e conservação ambiental que tem como alavanca, a futura venda de créditos de carbono. Doze Instituições do Governo Federal, Estado e sociedade civil apóiam esta iniciativa, que já se destaca pelo alcance de seus resultados, demonstrados através do site do SIG e também do seu site www.carbonojuruena.org.br .

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