No dia Internacional das Florestas, ávores choram na ex - Cidade Verde",

Foto: Deroní Mendes

Deroní Mendes - No dia Internacional das Florestas, em Cuiabá, a cidade conhecida como "Cidade Verde" devido a forte presença de áreas verdes, hoje as árvores choram literalmente.  Aos olhos do poder público, a prioridade são as obras de (i)mobilidade urbana. Para as concessionárias de energia e telefone  e até alguns proprietários de imóveis, a presença de ávores nas caçadas, canteiros, avenidas e até praças também é  considerada   entrave ao progresso.

Hoje logo cedo, ao abrir o e-mail depare-me com a mensagem de um colega de trabalho lembrando a data e a importância das florestas para a qualidade e manutenção da vida no planeta.  Senti-me, revigorada com suas palavras para iniciar bem uma sexta feira ensolarada e quente na Cidade Verde.

 Então saí para resolver algumas pendências de trabalho e fui surpreendida com 10 troncos de  (ex) árvore que foram totalmente dizimadas no entorno de alto edíficio da avenida Presidente Marques no bairro Santa Helena. Sinceramente, ao meu ver elas embelezavam a propriedade. 

Foto: Deroní Mendes

Fiquei alguns minutos olhando a ceiva que formava uma possa em ao redor de cada resto de tronco e escorria como lágrimas pela calçada. Emocionei-me ao ver aquilo. Lembrei-me  da mensagem que acabara de ler  antes de sair do escritório e ao mesmo tempo ao perceber que aquelas árvores não mais embelezariam meu caminho. Não mais aliviaria o sol escaldante quando passar por aquela rua. Não mais ouviria o cantar dos pássaros. Também não verei os ninhos  que faziam e seus filhotes tentando os primeiros voos nas copas delas.  Enfim, minha caminhada por aquela rua será mais desagradável, solitária e escaldante. 

Senti-me frágil, impotente triste. Deu saudade da minha infância me embrenhando pela mata no sítio dos meus pais a procura de frutas, fazendo casinha para brincar na mata, levando o quebratorto na roça para meus irmãos e meu pai. Meu caminho era mais colorido, mais verde. Havia mais vida ao meu redor e por onde quer que eu fosse.

Cidade Verde, agora tem cheiro e cor de morte. Morte do Verde...