sexta-feira, 22 de julho de 2011

Educação ambiental, sustentabilidade e desenvolvimento

Deroní Mendes - Tenho refletindo sobre algumas palavras muito utilizados no nosso dia a dia, talvez devido a extrema degradação ambiental que se encontra o planeta, a acelerada mudança climática e a pobreza que assola principalmente o continente africano, o continente mais pobre do mundo. Citaria aqui vários destes termos, mas ficarei com apenas três: educação ambiental, sustentabilidade e desenvolvimento


Sempre achei que havia controvérsias na forma como alguns trabalham o tema educação ambientais. Não são poucos os que defendem a idéia da educação ambiental como educação escolar que se aprende na escola e, portanto defendem que esta seja parte do currículo escolar  como disciplina específica ou que ela seja transversal e multidisciplinar, ou seja, que a educação ambiental seja trabalhada por todos professores em todas as disciplinas.

Acho que a associação da Educação ambiental a educação escolar está ligada ao Parágrafo VI do § 1º do Artigo 225 da Constituição Federal. Aquele que diz que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”

O § 1º do artigo 225 é aquele que define as responsabilidades e incumbências do poder público para assegurar a efetividade de que todos desfrutem do ambiente saudável e ecologicamente equilibrado, para as presentes e futuras gerações.Nesse sentido o parágrafo VI diz que é função do poder publico “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. 

Então talvez daí venha a associaçao educação ambiental a educação escolar. Penso que a educação deve ser tratada como algo inerente ao ser humano, e  não estar e restrito ao ambiente escolar. 
Educação ambiental também se aprende na escola, mas é algo que se aprende a praticar no dia a dia. Ë dever de todo cidadão educar-se ambientalmente e praticar a educação ambiental todos os dias. Não é só papel do professor e da escola disseminar a educação ambiental. É dever de todo cidadão fazer sua parte para a construção de um mundo ecologicamente equilibrado  e para a preservação da fauna da flora e do ser humano. É papel de todos zelar para equilíbrio ecológico do meio ambiente para esta a para as futuras gerações.

Sustentabilidade é outro termo muito usado atualmente, e as vezes  até me incomodo. Não sei ao certo se deve-se ao colapso ambiental em que vivemos hoje, mas geralmente na mídia e no dia a dia vejo o termo sustentabilidade ser empregado praticamente  para ressaltar a “proteção ambiental”. Raramente consegue –se destacar a eficiência econômica e a questão social advinda da ação, atividade ou produto que dizem ser sustentável.

A parte social e econômica são igualmente importantes para a sustentabilidade. aliás o próprio termo sustentabilidade pressupõe que uma ação, produto ou atividade contribui para promover uma mudança ambiental, social e econômica de forma harmônica e contínua.

Prá se ter uma idéia do que falo experimento colocar no Google a palavra "Sustentabilidade" em seguida  clique em imagens e verá a infinidade de imagens ressaltando o verde e preservação ambiental. 

Não dá para dizer que á sustentável uma ação apenas por que está degradando menos o meio ambiente, mas que em contrapartida se utiliza do trabalho escravo, por exemplo.

Outro dia, assistindo a um vídeo sobre práticas sustentáveis ouvi a afirmação de que não adianta produzir de forma sustentável se não preservar o meio ambiente. “A gente tem que produzir de forma sustentável, mas também temos que cuidar do meio ambiente (...)”.

Confesso que me surpreendi, por que foi a primeira vez que vi alguém utilizar o termo sustentável dissociado da preservação ambiental. Compartilho da linha de pensamento que diz algo só é sustentável se conseguir unir  eficiência econômica, ou seja, otimização de recursos financeiros empregados na ação; contribuir para um mundo mais justo, diminuindo das desigualdades e injustiças sociais global, regional ou local, e é claro, contribuir com o equilíbrio do meio ambiente ou seja, utilizar-se dos recursos naturais de forma menos predatória. 

A necessidade de se preservar o meio ambiente, e consequentemente, a vida, criou uma preocupação com o impacto ambiental a longo prazo das atividades humanas como um todo. É preciso produzir para atender às necessidades do presente, porém, é extremamente necessário cuidar para que não se comprometa a possibilidade a vida das  gerações futuras. Qualquer processo produtivo que não consegue aliar preservação ambiental, justiça social e eficiencia econômico harmonicamente, não é sustentável.

A terceira palavra é desenvolvimento. É comum ouvir ou ver na mídia e no dia a dia dizerem que um lugar é desenvolvido quando possui infraestrutura de transporte, é industrializado ou é destaque no agronegócio, etc. O termo desenvolvimento é sempre empregado para ressaltar desempenho econômico do estado, país ou município. É comum ouvir: “Nossa como desenvolveu bem essa cidade, já tem asfalto...” ou “com o asfalto graças a Deus chegou o desenvolvimento hoje tem várias industrias se instalando na nossa cidade”.

Muitos acreditam que crescimento é sinônimo de desenvolvimento. Desenvolvimento e crescimento embora complementares considero que são processos distintos. Crescimento é uma condição indispensável para o desenvolvimento, mas não é condição suficiente. O desenvolvimento pressupõe crescimento econômico e social necessários para resolver os problemas de ordem econômica, social, cultural ou de caráter humanitário; e promover e estimular o respeito a os direitos humanos e as liberdades fundamentais de toda a população, sem distinção de raça, religião, sexo, nacionalidade ou cor.

Segundo Vasconcellos e Garcia, (1998), desenvolvimento, em qualquer concepção, deve resultar do crescimento econômico acompanhado de melhoria na qualidade de vida, ou seja, deve incluir “as alterações da composição do produto e a alocação de recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, alimentação, educação e moradia)”.

Desenvolvimento não refere-se apenas ao crescimento econômico. Desenvolvimento pressupõe melhoria na qualidade de vida da população. O crescimento econômico pode existir sem o desenvolvimento, já o desenvolver requer distribuição de renda e contribuição no equilíbrio ecológico do meio. Desenvolvimento deve ser encarado como um processo complexo de mudanças e transformações de ordem econômica, política e, principalmente, humana e social

Segundo a pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada -IPEA em 2010 sobre a “Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por estado no Brasil”, mostrou que regiões com maior crescimento econômico não necessariamente apresentaram a maior redução nas suas desigualdade e que o estados brasileiros apresentem padrões distintos de redução da miséria.  Assim, apesar de 1995 até 2008, 13,1 milhões de brasileiros terem saído da pobreza extrema (renda média domiciliar de 25% do mínimo por pessoa) e 12,8 milhões saíram da pobreza absoluta (renda média domiciliar de meio salário mínimo por pessoa, a cada mês).

Uma coisa muito doida: será que dá mesmo prá considerar o Brasil um país desenvolvido que investe em sustentabilidade e educação ambiental?

Imagens:

2 comentários:

mimi sato disse...

oi deroni!
seu blog é muito belo e importante. gostei de passear nele!

obrigada pelas mãos em rede! e vamo-ki-vamo

beijão

Deroní Mendes disse...

Oi Michele, Bom dia.

Obrigada por passar por aqui e também por deixar comentários. Fico feliz que tenha gostado de passear por ele.


E...Mãos em rede, e vamo-ki-vamo adelante por um mundo socialmente justo, ecologicamente equilibrado e com empreendimentos e produtos economicamente eficientes....rsrsr