terça-feira, 16 de junho de 2015

Associações indígenas recebem equipamentos para agricultura e extrativismo

Pacto das Águas - Um dos maiores gargalos do extrativismo na Amazônia é o transporte, como ocorre, por exemplo, com a castanha-do-Brasil, coletada principalmente em áreas de floresta nativa no período chuvoso. Para dar maior comodidade aos povos indígenas e agilidade no escoamento da produção, o projeto Pacto das Águas articulou para que a prefeitura de Ji-Paraná, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária- Semagri, em Rondônia, doasse parte dos equipamentos agrícolas obtidos com recursos de uma emenda parlamentar aos indígenas da Terra Indígena Igarapé Lourdes.

A cerimônia de doação aconteceu nesta quinta-feira (11/06), na sede da prefeitura. A Associação Zavidjaj Djiguhr (Assiza), do Povo Gavião recebeu três monocultivadores (tratoritos) e uma roçadeira. Já a Associação Pay Gap, do povo indígena Arara, recebeu dois monocultivadores e uma roçadeira. Ao todo, cerca de 300 indígenas dos dois povos serão beneficiados. Além das associações indígenas, outras 40 associações rurais receberam os equipamentos que serão utilizados no cultivo de hortaliças e frutas e também na limpeza de pastagens.

Pela parceria estabelecida, as associações indígenas serão responsáveis por conservar e fazer a manutenção dos equipamentos. Já o projeto Pacto das Águas, que é patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, será responsável pela assessoria da logística do transporte da castanha. Além dessa ação, os técnicos do projeto capacitam os indígenas nas boas práticas do manejo, incentivando-os a utilizarem as formas mais eficientes de coleta, armazenamento e secagem.

“Muitas vezes o indígena carrega cinquenta quilos de castanha por até cinco quilômetros, mas com o equipamento recebido nós poderemos transportar mais castanhas e de forma mais rápida”, explica Josias Cebirop, liderança do povo Gavião. “Além disso, se gasta menos tempo no transporte, o que vai possibilitar um aumento na produtividade”, complementa.

Além do uso no extrativismo, os equipamentos poderão ser utilizados em outras atividades dos povos indígenas. As roçadeiras, por exemplo, que poderão ser utilizadas na abertura de pequenas trilhas na floresta servirão também para limpeza de áreas de agricultura e de lazer.

Para Sávio Gomes, articulador regional do projeto Pacto das Águas em Rondônia, o projeto está buscando parcerias, a fim de consolidar um arranjo institucional que garanta maior autonomia aos povos indígenas. “Nós ajudamos os nossos parceiros a planejarem suas atividades para que possam ser mais viáveis e tornarem-se sustentáveis a médio e longo prazos, estamos implantando uma infraestrutura básica, como barracões e mesas de secagem, mas é necessário outros investimentos”, explica. Além disso, o projeto também os capacita para acessarem recursos como o do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), seja por meio do componente de doação de alimentos ou do componente formação de estoque.

“Outra estratégia adotada é identificar bons parceiros para dar capilaridade às ações de sustentabilidade no extrativismo”, comenta Plácido Costa, coordenador técnico do projeto. “Nós estamos identificando desde compradores que operam na lógica do comércio justo até entidades do terceiro setor e governamentais na discussão de políticas para a cadeia produtiva extrativista na Amazônia”, complementa.
Para Costa, a prefeitura demonstra um interesse em dialogar com o projeto em benefícios dos povos

indígenas e da região. Somente nesta última safra de castanha em Mato Grosso e Rondônia o projeto apoiou a produção de 350 toneladas de castanha, que gerou mais de um milhão de reais em renda para cerca de 600 famílias de castanheiros. “Acreditamos que essa é uma conta que mostra a importância em valorizar a sustentabilidade da floresta”, finaliza.

Ações municipais
A Secretaria Municipal de Agricultura vem desenvolvendo várias ações que visam à melhoria da qualidade de vida no campo. São exemplos dessas ações o Programa Municipal de Distribuição de Calcário, a Certificação das Agroindústrias e o Programa Municipal de Silagem. Em parceria com o governo estadual e federal já cadastrou cento e trinta e sete agricultores no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).


O projeto Pacto das Águas tem como objetivo estimular e consolidar estratégias de desenvolvimento econômico pautadas na manutenção da floresta e respeito à cultura das populações. Com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, atua na região Noroeste de Mato Grosso e Leste de Rondônia, envolvendo mais de três mil pessoas no apoio ao manejo florestal comunitário, com a seringa e a castanha.

Além de ser considerada como uma das mais bem sucedidas experiências em alternativas de geração de renda pautadas na conservação das florestas na Amazônia junto a povos indígenas e tradicionais, o Pacto das Águas ajuda a garantir a conservação de 1,8 milhão de hectares de Floresta Amazônica, considerando a área das terras indígenas.?

0 comentários: