Poço de carbono Juruena - André Alves -Cerca de 20 indígenas das etnias Rikbaktsa, Arara do Rio Branco e Cinta-Larga participaram de uma oficina sobre implantação e manejo de sistemas agroflorestais. O evento foi realizado entre os dias 30 de novembro e 03 de dezembro na Aldeia da Curva, dos Rikbaktsa, localizada em Brasnorte, noroeste de Mato Grosso
A capacitação é um desdobramento da doação de 25 mil mudas realizada no mês passado pelo projeto Poço de Carbono Juruena, executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (Aderjur) e patrocinado pela Petrobras, por meio de um termo de cooperação com a Fundação Nacional do Índio (Funai).
De acordo com o indigenista Alan de Souza, a Funai de Juína entrou em contato com o projeto Poço de Carbono Juruena para a doação de mudas frutíferas que interessavam as comunidades indígenas da região noroeste.
“Além das mudas virem de acordo com o pedido enviado pelas comunidades, o que foi muito bom, também foi proposto realizar um curso de manejo agroflorestal para capacitar os indígenas no plantio dessas mudas”, explica Alan. Entre as mudas doadas estão cupuaçu, açaí, patuá e pupunha. Também houve a doação de mudas de espécies madeireiras como mogno, seringueira, castanheira e ipê.
Para Rafael Rikbaktsa a capacitação foi uma boa oportunidade de adquirir novos conhecimentos sobre lavoura. “Antigamente a gente conseguia sobreviver da nossa roça plantando cará, amendoim, mandioca, batata-doce e agora a gente planta outras espécies que a gente não conhecia e por isso precisamos de orientação”, explicou.
Já na visão de Nilson Brilhante, educador agroflorestal da Universidade Federal do Acre, que ministrou a oficina, a forma como os indígenas trabalham a agricultura tradicionalmente é um ganho positivo para desenvolver a diversidade alimentar, um dos objetivos dos sistemas agroflorestais. “Os índios que participaram da oficina tem uma necessidade de plantar e um anseio de cultivarem espécies novas e isso cria um ambiente propício para agroflorestas biodiversas”, explica.
Brilhante aposta que espécies como a castanha, pelo uso alimentício e cultural, e a copaíba, por seu uso medicinal, tem potenciais de serem manejadas juntamente com cultivos anuais como o arroz e o feijão. Espécies madeireiras também podem ser plantadas nas agroflorestas e utilizadas futuramente nas próprias construções das aldeias.
Outra aposta do educador agroflorestal é que os indígenas formem redes de sementes para troca entre as comunidades. Para ele, essa prática ajuda a diversificar a produção não apenas das espécies alimentícias e madeireiras, mas também para uso no artesanato. “Essas práticas são melhores trabalhadas em forma de mutirão, envolvendo crianças, jovens e adultos, o que aumenta a coesão nas comunidades”, esclarece.
Projeto Poço de Carbono Juruena
O objetivo central do projeto Poço de Carbono Juruena, executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental, desenvolvido na região Noroeste de Mato Grosso, é demonstrar a viabilidade econômica de sequestro de carbono por meio de Sistemas Agroflorestais – SAFs, que fixam o carbono e geram renda aos pequenos e médios agricultores rurais de forma associada e participativa. A expectativa é que seja um modelo de projeto de desenvolvimento rural e conservação ambiental que tem como alavanca, a futura venda de créditos de carbono. Quinze instituições do Governo Federal, Estado, Município e sociedade civil apóiam esta iniciativa, que já se destaca pelo alcance de seus resultados, demonstrados através do site do SIG e também do seu site http://www.carbonojuruena.org.br
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