quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Projetos alternativos para agricultura familiar precisam de reforço


STRLRV - Gisele Neuls - Projetos pilotos como as cinco iniciativas em processo de sistematização no norte de Mato Grosso são importantes para as comunidades, mas carecem de força para mudar o modelo de desenvolvimento da agricultura familiar da região. Essa é uma das análises feitas pelas lideranças reunidas no Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Lucas do Rio Verde nesta terça-feira, 30 de agosto.


O primeiro dia do Seminário Regional da Agricultura Familiar da BR-163 foi dedicado à apresentação das experiências dos cinco projetos financiados pelo Subprograma de Projetos Demonstrativos do Ministério do Meio Ambiente (PDA) ente 2006 e 2010. As apresentações feitas pelos agricultores participantes demonstram que os projetos oferecem uma oportunidade única de estruturação das suas entidades ao facilitar a compra de equipamentos e veículos e a construção de infraestruturas. Além disso, esses projetos funcionam como catalizadores, agregando outras instituições e fontes de financiamento à rede e relações sociais das associações de agricultores. Mas não podem ser vistos como a solução mágica para os problemas das famílias agricultoras.

Um dos limitantes é o pouco recurso disponível frente à imensa demanda de associações, sindicatos e cooperativas. Em Mato Grosso, o PDA beneficiou nove comunidades rurais, uma amostra tímida se considerarmos o universo de mais de 500 assentamentos da reforma agrária existentes em todo o estado. Para as comunidades beneficiadas por esses projetos de estímulo a alternativas de produção com menos impacto ambiental, os problemas também não são poucos. Entre eles, a comercialização dessa produção e a falta de regularização ambiental e fundiária são os mais críticos.

No assentamento Califórnia, no município de Vera, as agroflorestas e a casa do mel foram um ganho importante para as famílias, mas a comercialização do mel e das polpas de frutas depende da obtenção de registros sanitários. Na hora de obtê-los, o assentamento esbarra na falta de licença ambiental. “Se não conseguirmos o licenciamento ambiental não vamos conseguir certificar nem vender nada” lamenta o agricultor Argeu Medeiros. O mesmo problema se repete nos assentamentos Entre Rios e Ribeirão Grande, localizados em Nova Ubiratã e Nova Mutum. Eles também implantaram apicultura como alternativa sustentável de renda, mas têm dificuldades para escoar a produção. “A gente vende de porta em porta, não conseguimos vender nos mercados do município”, conta Iolanda Dambros, da Ribeirão Grande.

Essas e outras demandas serão discutidas na quarta-feira, dia 31, com representantes dos governos federal e estadual. O objetivo do evento é discutir bases para um modelo de desenvolvimento sustentável capaz de transformar a realidade da agricultura familiar em larga escala. São esperados representantes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema/MT), da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Meio Ambiente (Ibama).

O Seminário é promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Lucas do Rio Verde e faz parte das atividades do projeto Disseminação de Experiências Inovadoras do Nortão do Mato Grosso, que tem apoio do Subprograma de Projetos Demonstrativos do Ministério do Meio Ambiente

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