Deroní Mendes - A situação em que vive a população negra e indígena no Brasil é reflexo do tratamento que o Estado dispensa aos afrobrasileiros e ameríndios desde o descobrimento até hoje. Esse tratamento “diferente” é o principal responsável pela discriminação, violência e injustiças que enfrentamos. É como se não fossemos tão brasileiros quantos os “eurobrasileiros” (esse termo acabei de inventar).
Em março (2011) o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística - IBGE divulgou uma pesquisa que aponta que dos 14,4 milhões de brasileiros analfabetos 10 milhões são negros, ou seja, 69,4% do total. Somos 17 milhões de pessoas em idade ativa nas seis regiões, ou seja, 42,8% da população ativa, no entanto, a taxa de desemprego entre a população afro é de 11,8%, enquanto que entre os brancos ficou em 8,6% da população em idade ativa.
Ainda segundo a pesquisa, em todas as seis regiões do país entre os empregados aproximadamente a apenas 39,8% da população afro estão com carteira assina enquanto entre a população branca esse número chega a quase 60%. Em todas as regiões, os ocupado/empregados que recebiam até um salário mínimo 58,9% dos eram negros e pardos.
Afrodescendentes são maioria em atividades com baixa remuneração, como emprego doméstico e construção civil. A pesquisa apontou, por exemplo, que em Salvador -BA, negros ou pardos representam 93,5% dos empregados domésticos e 88,4% dos operários da construção civil.
A Sinopse do Censo e Resultados Preliminares do Universo referente ao Censo Demográfico 2010 divulgado em abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística -IBGE divulgou mostra que a população total do Brasil é de 190.749.191 indivíduos.
Desse total 14.517.961 se declararam Negros e 82.227.333 se declaram pardos somando 96.795.294 indivíduos. Já os que se declararam indígenas foram 817.963, ou seja, negros, pardos e indígenas representam 97.613.257 brasileiro. Numero maior que a população que se declararam branca (91.051.646) e amarela (2.517.961).
Brasileiros de cor “branca, ou amarela” são descendentes de europeus, asiáticos (continente) ou então de italianos, espanhóis, japoneses, chineses, holandeses, portugueses (países) e outros não é assim que se diz? Nós negros, somos descendentes de africanos (continente) e não de escravos já que descendência remete a lugar de origem e não a status ou profissão ocupado por nossos ancestrais. Ou seja, não somos descendentes de escravos, pois não há nenhum país, continente, ou cidade nome escravolandia, escravocrátia, escravicrátia do norte, ou coisa parecida.
Estamos presentes em todos os estados em todas as cidades mas ainda é preciso dizer no caso dos afrobrasileiros, nossos antepassados contra vontade vieram do continente africano, mais especificamente de países localizados na região conhecida como África Subsariana ou África Negra. Nossa pele já diz por si só.
Esta região localiza-se ao sul do Deserto do Saara e é composta por 47 países do total de 53 que compõem o continente africano. É também considerada e região mais pobre do continente e do planeta. Mas, não pergunte-nos de qual desses países são nossos antepassados.
Pois dizem que Rui Barbosa tomado pela euforia da abolição da escravidão queimou os documentos que continham informações sobre as origens dos escravos como: País, região, nomes, seus respectivos donos, etc. Queria ele que os negros esquecessem para sempre aquele tristes, longos e dolorosos anos em que seus antepassados foram escravizados e humilhados nesta terra Brasil.
No entanto os estudiosos afirmam que os países africanos que mais exportaram escravos para o Brasil entre os séculos 16 e 18 foram: Camarão, Moçambique, Guiné Bissal, Guiné Equatorial, Guiné, Senegal, Congo, Serra Leoa, Angola, Gabão, Gana e Gambia.
Nem todo afrodescendente é considerado quilombola. A Fundação Cultural Palmares define como Quilombola “(...) descendentes de africanos escravizados que mantêm tradições culturais, de subsistência e religiosas ao longo dos séculos”.
Mas nem todo afrobrasileiro é quilombola. Nem toda comunidade certificada como quilombo ou quilombola situa-se na zona rural. Houve quilombos que eram possuíam uma população bem numerosa, por isso hoje há os chamados quilombos urbanos.
Nem todo comunidade rural onde há predominância de afrodescendentes pode ser quilombola. Embora os africanos fossem maioria nos quilombos, há registro de que embora em menor número, havia brancos e indígenas que igualmente perseguidos pelos portugueses juntavam-se aos negros nos quilombos.
Um estudo genético realizado pela bióloga Maria Angélica Floriano Pedrosa (UNB, 2006) com comunidades Quilombolas apontou que a comunidade conhecida como Mocambo localizado no município de Porto da Folha em Sergipe reconhecida pela Fundação Cultural Palmares em 2000 demonstrou que a 59, 94% dos indivíduos tem genética ligada origem européia.
Segundo a Fundação Cultural Palmares entre 2004 e 2011 foram certificadas 1.711 comunidades quilombolas em 24 estados. Mato Grosso é o terceiro estado com maior numero de comunidades certificadas (145) ficando atrás apenas do Maranhão (381) e Bahia (380).
Entre 2003-2010. 93 comunidades quilombolas foram tituladas e 996 encontravam-se processo de regularização fundiária.
Quilombo é uma palavra de origem na cultura Banta, escreve-se Kilombo, e significava lugar cercado e fortificado, acampamento ou Campo de iniciação, mas aportuguesou e ficou Quilombo e passou a significar simplesmente lugar de escravo fugido. Simplificou tanto que para a coroa portuguesa qualquer esconderijo que tivesse 5 ou mais escravos fugitivo passou a ser quilombo.
Pertencia a cultura banta povos africanos que partiram do sudeste da atual Nigéria e se expandiram por todo o sul da África. Eram povos agricultores, caçadores, pescadores, coletores e criadores Conheciam a metalurgia do ferro. Praticavam religiões tribais, onde grande ênfase era dada no culto a seus antepassados. Hoje o sul da África quase inteiro fala hoje idiomas bantos.
No nosso dia-a-dia usamos diversas palavras que tem origem na cultura Banto como:
Detanga - Tanga, pano
Fubá -Fubá
Falofa - Farofa
Kappanga - Capanga
Kamundong - Camundongo
Kanjika – Canjica
Kixima - Cachimbo também originou cacimba
Kitutu - Quitute vem de indigestão
Kilombo - Quilombo, povoação
Kasule- Caçula
Kifunate - Cafuné
Kirimbu - Carimbo, marca
Ki´tutu -.Tutu
Kitanda - Quitanda, feira
Kibebe - Quibebe
Kukoxila – Cochilar
Maxi'xi - Maxixe
Ma´kumba - Macumba
Ma + rimbondo - Marimbondo vem de vespa .
Mbirimbau - Berimbau
Mu´kunza - Mugunzá, milho cozido
Mu´lambu - Molambo, pano
Mu´leke - moleque, menino
Mbunda -. Bunda
Mu´hamba - Muamba, carga
Mu´kambu - Mocambo, cumeeira
Mu´keka - Moqueca.
Mu´kama - Mucama, amásia escrava
Mu´xiba - Muxiba, nervo, veia
Ndénde - Dendê, palmeira
Njilu - Jiló
Semba - Samba, umbigada.
Sanzala -. Senzala
2 comentários:
Olá Deroni! Parabéns pelo blog. Acesse o nosso blog: escolaverena.blogspot.com
Abraços e sucesso!
Aguinaldo Nantes
Oi Agnaldo, Obrigada, pela Visita e comentário.
Visitei o blog da escola Verena e agora estou seguindo-o. Volte sempre.
Abraços
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