*Deroní Mendes - Para quem faz parte do movimento socioambiental a nossa luta é sempre árdua. Mas, nos últimos tempos parece que tem piorado muito. Tivemos fortes decepções. A última delas foi em 24 de maio, com a aprovação da proposta de reforma do Código Florestal na Câmara dos deputados.
Particularmente, estou ainda decepcionada. Afinal o deputado em quem votei por acreditar nas propostas de campanha e na trajetória de luta junto aos movimentos sociais também votou SIM para o Novo Código Florestal que propõe a anistia a desmatadores, e a emenda que transfere aos estados a regularização em áreas de preservação permanente. Aliás, não só ele, todos os deputados federais de Mato Grosso votaram em favor do Novo Código.
Penso que a decepção não foi só minha, mas dos Matogrossenses e dos brasileiros que acreditam que o Novo Código Florestal da forma que foi aprovado Câmara Federal é um retrocesso a proteção dos recursos naturais, pois ameaça ao equilíbrio ambiental para a nossa e futuras gerações.
Mas meu otimismo está crescendo novamente, e um dos motivos deve-se ao resultado da pesquisa Datafolha sobre o Novo Código Florestal divulgada na semana passada. A pesquisa mostrou que 85% dos entrevistados apóiam à proteção das florestas e dos recursos naturais ainda que para isso seja preciso impor algumas limitações à produção agrícola. Ou seja, a grande maioria dos brasileiros acredita que é preciso produzir, exportar, mas não a qualquer custo. Transformar o crescimento econômico em desenvolvimento sustentável com equilíbrio e prudência ambiental, justiça social e eficiência econômica.
Dias atrás (07/06) em evento sobre a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, a presidente Dilma fez a seguinte afirmação: “Não negociaremos a questão do desmatamento. Iremos cumprir os compromissos que assumimos e não permitiremos que haja volta atrás na roda da História”.
Mais animada ainda fiquei com esta declaração. A consciência ambiental da presidente e dos brasileiros na construção de um mundo sustentável está falando mais alto, pois a pesquisa também mostrou que a maioria dos brasileiros não concorda com a anistia aos desmatadores, ou seja, apoiaria a presidente Dilma para que vete a anistia prevista pelo texto aprovado na Câmara dos Deputados a quem já desmatou áreas de reserva legal ou de proteção ambiental.
É importante destacar que caso a anistia aos desmatadores não seja vetada pela presidente, somente na Amazônia serão regularizados 220 mil km² de florestas desmatadas ilegalmente, total que equivale à soma dos territórios do Paraná e Sergipe juntos. Insustentável.
Então mais que nunca vamos a aderir a OPERAÇÃO VETA DILMA. É preciso que estes desmatadores promovam a recuperação destas áreas e as utilize de forma sustentável. Não podemos perder de vista que tornar legal o desmatamento dessas áreas e de outras que ocorrerão não fará com elas deixem de causar ou contribuir com as catástrofes ambientais como a degradação do solo, extinção de nascentes, fauna e flora e aumento do aquecimento global.
*Geógrafa e coordenadora do projeto de Formação de Gestores Indígenas de MT/ no Instituto Maiwu
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