Outro dia escrevi um texto sobre a cidade. Então resolvi escrever outro texto sobre os “afrodescendentes” de Vila Bela em especial as comunidades rurais negras ou quilombolas já que o município é considerado um dos municípios do Estado de Mato Grosso que possui a maior população rural do estado e também o município a maior população afrodescendente na zona urbana e rural.
A forte presença da população afrodescendente (confesso, geralmente digo população negra, mas o politicamente correto me obriga a usar o termo afrodescendente. Fazer o que? O conteúdo é o mesmo, só embalagem que é outra) no município se deve a sua origem histórica no período escravocrata no ano de 1752 quando foi a primeira capital da província de Mato Grosso. Segundo fontes históricas, um grande número de africanos foi trazido de diversas regiões da África para a construção e manutenção da cidade vivendo em regime de escravidão.
A literatura histórica conta que devido ao sofrimento e a forma com que eram tratados muitos fugiam de seus senhores, agrupavam-se e formavam os chamados quilombos em áreas distantes da cidade e de difícil acesso, onde pudessem viver de forma mais digna com suas famílias e se sentirem protegidos dos ataques da nobreza. Estes quilombos se tornaram núcleos de resistências à escravidão no Brasil inteiro. No caso de Vila Bela o mais famoso é o Quilombo do Quariterê ou do Piolho, situado às margens do Rio Piolho e liderado por Tereza de Benguela, uma rainha de um país africano que em Vila Bela tornou-se e escrava como tantos outros africanos.
Os indícios da existência dos quilombos no município de Vila Bela estão relacionados à presença de inúmeras comunidades rurais, que constituíram sua territorialidade através de estratégias de sobrevivência organização social e de produção semelhante às comunidades que hoje os estudiosos classificam como Comunidades Remanescentes de Quilombos, Comunidades Quilombolas ou simplesmente Quilombos. Estas comunidades são formadas por grupos familiares que buscam na identidade étnica uma forma de acesso a terra.
No entanto é importante ressaltar que;
• Embora os africanos fossem maioria nos quilombos, há registro de que haviam indígenas que igualmente perseguidos pelos portugueses juntavam-se aos negros nos quilombos.
• Nem todo afrodescendente é quilombola.
• Nem todo comunidade rural onde há predominância de afrodescendentes é considerada uma comunidade quilombola.
• Nem toda comunidade remanescente de quilombo ou quilombola situa-se na zona rural
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