quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Mandato de Manaus: Ação Indígena pela Vida frente as mudanças climáticas



Coordenação das Organizaçóes Indìgenas da Bacia Amazônica
AIDESEP-APA-CIDOB-COIAB-CONFENAIE-FOAG-OIS-OPIAC-ORPIA

1ª. Cumbre  Regional Amazônica Saberes Ancestrais, Povos
e Vida Plena em Harmonia com as Florestas
(15 – 18 agosto 2011)

“ Somos Povos sem Donos, igual que a Vida” Mandato de Manaus: Ação Indígena por la Vida

Reunidos em Manaus de 15 a 18 de agosto del 2011, na 1ª. Cumbre Regional Amazônica, os povos indígenas amazônicos e as organizações nacionais de nove países: Bolívia (CIDOB), Brasil (COIAB), Equador (CONFENIAE), Colômbia (OPIAC), Guyana (APA), Guyana Francesa (FOAG), Peru (AIDESEP), Venezuela (ORPIA) e Surinam (OIS) e em diálogo com aliados de diversas entidades sociais, estatais e ambientais; comprovamos que a crise climática e ambiental, é gravíssima, em pouco tempo irreversível, enquanto os poderes globais e nacionais, não podem nem querem detê-la, e pior, pretendem ‘aproveitá-la com mais “negócios verdes” mesmo que ponham em perigo todas as formas de Vida.
De poderes, baseados no racismo, patriarcado, individualismo e de consumismo desenfreados, de mercantilização e privatização de tudo e a irresponsabilidade soberba de “domínio” da natureza esquecendo que apenas somos uma pequena parte dela.

Denunciamos a hipocrisia e contradição nas políticas globais e nacionais sobre as florestas, em junto a declarações, planos, pequenos projetos “sustentáveis”, aprofunda-se  a depredação, o desmatamento, a degradação por parte dos negócios de minérios, de hidrocarbonetos, mega-hidrelétricas, pecuária extensiva, soja, agronegócio, “agro-combustíveis”,  super estradas de colonização, transgênicos, agrotóxicos, superposição de áreas protegidas em territórios indígenas, biopirataria e roubo dos conhecimentos ancestrais.  Sendo necessárias melhores práticas florestais, encobrem-se que a melhor delas é mudar profundamente as macro políticas da globalização neoliberal.

Propomos os seguintes objetivos, enfoques, alternativas e ações:

1. Territórios de Vida Plena para o desaquecimento planetário.

Está demonstrado que os refúgios da vida são as florestas e territórios dos povos amazônicos, como efetivas barreiras à depredação. Por isso é indispensável mudar as legislações e políticas públicas para garantir a demarcação dos territórios dos povos indígenas amazônicos e a sua titularidade coletiva como povos e também para respaldar, e não agredir nem marginalizar as nossas estratégias de “Vida Plena” diferentes da mercantilização da natureza. Isto é uma estratégia eficaz e eficiente para reduzir o aquecimento global e recuperar a harmonia com a mãe terra, que mantivemos por milhares de anos. Para que não mude o clima, há que se mudar o sistema. É o sistema o que deve se “adaptar” ao clamor da mãe natureza e nós seus filhos da cor da terra. O “custo” financeiro para solucionar esta dívida histórica originada no etnocídio das colonizações, é muitíssimo menor do que o dedicado a ineficazes debates e experimentações.

2. Fortalecer “Redd+ Indígena” e que devedores ecológicos reduzam a sua contaminação.

Perante quem decide sobre o processo “Redd+”: os Estados (BM-BID), FIP, ONU-REDD, COP17-CMUNCC, Rio+20 e outros; demandamos garantias e condições imediatas para os Povos antes de avançar mais nestes processos sobre REDD+ até que sejam devidamente atendidas.

Respeitar e fortalecer a propostas de REDD+ Indígenas ou adequação da Redd+ às cosmovisões e direitos coletivos dos povos, incluídas nas “Diretrizes da COICA sobre mudanças climáticas e Redd+” e nas propostas das organizações nacionais e que entre outros aspectos, os seguintes:

Sem territórios nem direitos coletivos é inviável a Reed+ * Nenhum contrato comunal até que sejam executadas as regras internacionais, nem a longo prazo, cedendo gestão territorial ou propriedade intelectual com mais penalidades que benefícios nem em idiomas e leis estrangeiras* Respeitar e apoiar a conservação holística das florestas e não somente onde tem desmatamento ou reduzindo-os a toneladas de carbono* Respeitar nossas propostas de regulamentações nacionais sobre Redd+ e a consulta e consentimento livre, prévio e vinculante* Respeitar relatórios da COICA sobre processos Redd+paralelos ao dos Estados* Mecanismos de solução de conflitos com garantias de neutralidade e eficácia * Não apoiar o mercado de créditos de carbono para encobrir aos contaminantes globais. 

Prioridade de políticas e fundos para consolidação e titulação Territorial dos Povos Indígenas, como condição irrestrita antes de avançar sobre Redd+ * Mudanças legislativas nacionais para consolidar Direitos coletivos nas leis de serviços ambientais, florestais sobre “fugas de Redd+”(minérios, hidrocarbonetos, agro-combustíveis, etc) e de consulta e consentimento.

Estados e Bancos assumam a sua responsabilidade para freiar a expansão dos ladrões de Redd+ (carbon cowboys, borbulha Redd+) mediante: * Registro e certificação pública internacional dos operadores de Redd+ *Rejeição das empresas e ONGs fraudadoras denunciadas pelos povos indígenas *Recomendar às comunidades a que não se comprometam com contratos ‘para Redd+’ ou em ‘negócios de carbono’ até que as regulamentos internacionais e nacionais estejam totalmente claras e implementadas.

Prioridade da redução da contaminação por Gases de Efeito Estufa (GEI) por parte dos devedores ecológicos industrializados de minorias ricas do poder no norte e no sul.

Prioridad de la reducción de la contaminación por Gases de Efecto Invernadero (GEI) por parte los deudores ecológicos industrializados de minorías ricas del poder en el Norte y el Sur

3.  Unidade entre Saberes Ancestrais e Sobrevivência da Biodiversidade  
Nossos saberes ancestrais estão unidos profundamente nas conservação produtiva da natureza, e nesse caminho, perante a Conferência das Partes 11 do Convênio de Diversidade Biológica e o Congresso da União Internacional da Natureza (UICN) chamamos a que sejam respaldados as seguintes propostas:

Priorizar a demarcação, legalização e segurança jurídica dos territórios indígenas, como garantia para a conservação da biodiversidade e os recursos genéticos e os saberes ancestrais.

Consolidar o Direito de Consulta Prévia e Consentimento Livre, Vinculante, Prévio e Informado, para o acesso aos recursos genéticos dentro dos territórios indígenas e os conhecimentos tradicionais associados.

Os recursos genéticos dos territórios indígenas e os conhecimentos ancestrais constituem o patrimônio natural e intelectual coletivo indígenas, conservado por milênios e transmitido de geração em geração.

O acesso aos conhecimentos ancestrais e os recursos genéticos devem contemplar a participação justa e equitativa nos benefícios incluindo os produtos derivados, tanto dos recursos genéticos como dos conhecimentos tradicionais associados.

Os conhecimentos ancestrais não estão no domínio público, mas no âmbito cultural dos povos indígenas e os Estados e organismos internacionais(como o Convênio sobre a Diversidade Biológica –CDB) adotem normativas jurídicos sui generis de proteção legal destes conhecimentos ancestrais.

Não à comercialização do conhecimento ancestral e ao uso indevido e não autorizado para as reivindicações de patentes biotecnológicas.

4. Rio+20 : Soluções para a Vida, não para os Mercados

A Conferência da ONU de junho de 2012 Rio de Janeiro será uma das últimas possibilidades para salvar todas as formas de vida do planeta. Os povos amazônicos chamamos à realização Atos Culturais-Políticos nas proximidades da Cúpula oficial, com líderes de povos e movimentos, artistas, cientistas, intelectuais, que ganhem a opinião pública e política global. Da mesma forma desenvolver estratégias de intervenção política dentro e fora de Rio+20 e construir uma Cúpula dos Povos plural e democrática, com ampla visibilidade pública. Tudo isso para ganhar o mais alto apoio político para a ONU que não se submeta ao irresponsável jogo de interesses do Poder, e que se avancem nos enfoques, objetivos e propostas tais como:

Não aceitar que a “Economia Verde” seja a combinação de neoliberalismo desenvolvimentista com “projetos verdes” mas uma mudança profunda com redução do consumismo, desperdício e depredação e a mudança do padrão de produção, consumo, distribuição e energia(hidrocarburos, biocombustíveis) com alternativas de harmonia entre sociedades, culturas e natureza.

Renovação do protocolo de Kyoto, em que haja compromissos firmes e exigíveis, de redução de gases de efeito estufa e com espaços de participação dos povos indígenas. Não deixar o mundo à deriva com poderes que imponham quanto, como e quando reduzir suas emissões.

Consolidação das Territorialidades dos Povos Indígenas e suas Visões de Vida Plena  de gestão holística da natureza para o”resfriamento” do planeta, mediante o aumento qualitativo dos fundos públicos globais para implementar tal demarcação e titulação.

Estabelecimento de uma Corte Ambiental Internacional,  funcionamento urgente, independente dos poderes  globais, com espaços de participação indígena, os mais afetados pelos crimes ambientais.

Reorganizar as atuais entidades ambientais da ONU para não sejam subordinados aos poderes contaminantes, superar  o burocratismo e ampliando os espaços de participação e incidência para os povos indígenas amazônicas e do mundo.   

Finalmente, a  Cumbre  propôs o posicionamento da comunicação como uma linha de ação política, não só instrumental.
Incidir em políticas públicas de acesso a meios de comunicação e uso de tecnologias de informação e comunicação e pôr em andamento o projeto de Rede COICA de Comunicadores Amazônicos.

Os povos indígenas e a natureza somos um só, e por isso, estamos obrigados a manter as  florestas  em pé, reduzir o desmatamento e ser guardiões de seus serviços como a água, biodiversidade, clima para a sobrevivência da Vida.  Pedimos somente que nos deixem trabalhar em paz em nossa missão.

¡ Basta de “Belomonstruos” no Brasil, Guiana, Peru (Marañón, Pakitzapango), Bolívia e o Mundo!
¡ Não à um Rio+20 por cima da Morte dos Povos e Vida do Xingu
¡ Não à estrada no Território Indígena Isiboro Secure em Bolívia. Irmão Evo defenda  aos  povos e não os negócios do BNDES !
¡Basta à  destruição petroleira no Equador (Yasuní);Peru (Datem)e outros países  !
¡Não às imposições IIRSA, como o eixo multimodal  Manta-Manaus que destruirá o Rio Napo!
¡ Ação e Solidariedade com as lutas dos povos indígenas da Amazônia e o mundo!
¡ Guiana, Suriname, Guiana Francesa devem ratificar o Convênio 169 !

 Os Povos Indígenas Amazônicos, caminhando sobre a trilha de nossos ancestrais, pedimos  ao mundo abrir seus corações e sonhos e unirmos nas jornadas pela Vida, para Todas e Todos

Coordinadora de Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica, COICA
Coordinadora de Organizaciones Indígenas de la Amazonía Brasilera, COIAB

Perú 
Asociación Interétnica de Desarrollo de la Selva Peruana, AIDESEP
Coordinadora Regional de Organizaciones de Pueblos Indigenas- San Lorenzo, CORPI
Asociación Regional de Pueblos Indígenas de la Selva Central, ARPI
Organización Regional de Pueblos Indógenas del Oriente, ORPIO
Organización Regional AIDESEP Ucayali, ORAU
Federación Nativa de Madre de Dios, FENAMAD
Coordinadora de Defensa y Desarrollo de los Pueblos Indígenas de San Martin, CODEPISAM
Organización Regional de Pueblos Indígenas del Alto Marañón. ORPIAN

Ecuador 
Confederación de Nacionalidades Indígenas de la Amazonía Ecuatoriana CONFENIAE.
Federación Indígena de Nacionalidad Cofán del Ecuador FEINCE
Organización Indígena de Nacionalidad Secoya del Ecuador OISE
Federación Interprovincial de Comunas y Comunidades Kichwas de la Amazonía Ecuatoriana FICCKAE
Federación Interprovincial de Centros Shuar FICSH
Federación de Organizaciones de Nacionalidad Kichwa de Sucumbíos FONAKISE
Nacionalidad Achuar del Ecuador NAE
Nación Sápara del Ecuador NASE
Federación Provincial de Nacionalidad Shuar de Zamora Chinchipe FEPNASH.ZCH.

Bolivia  
Confederación de Pueblos Indígenas de Bolivia CIDOB
Asamblea de Pueblo Guaraní APG
Organización de Capitanes de Wenhayek y Tapiete ORKAWETA
Confederación Nacional de Mujeres Indígenas de Bolivia CNAMIB
Central de Pueblos Étnicos Mojeños de Beni CPEMBE
Central Indígena de Pueblos Originarios de la Amazonía de Pando CIPOAP
Central Indígena de la Región Amazónica de Bolivia CIRABO
Central de Pueblos Indígenas de La Paz CPILAP.

Brasil 
Coordinadora de Organizaciones Indígenas de la Amazonía Brasilera, COIAB
FEPOIMI, Cuiabá, Pantanal
COAPIMA, Coordinación de las Organizaciones y articulaciones de los Pueblos  Indígenas de Maranón
FOIRN-Federación de las Organizaciones Indígenas de Alto Río Negro
ASSOCIAÇAO HUTUKARA
FOIRN – Federacao das organizacoes indgenas do Rio Negro 
ICRASIM – Instituto e Centro de Referência e Apoio a Saúde de Manaus
COPIAM – Conselho dos Professores Indígenas da Amazônia 
OGPTB - Organização Geral dos Professores Ticuna Bilingüe
CGPH– Conselho Geral dos Povos Hexkariana
AMARN - Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro
COIAM - Confederação das Organizações Indígenas e Povos do Amazonas 
AMISM - Associação das Mulheres Indígenas Sateré-Mawé.
ASSOCIAÇÃO WAIKIRU
ASSOCIAÇÃO DOS ÍNDIOS MUNDURUKU
MEIAM – Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas.
ORGANIZAÇÃO WOTCHIMAUCÜ 
UPIM – União dos Povos Indígenas de Manaus
Organização Metareilá do Povo Suruí
Associação do Povo Cinta-Larga
Fórum das Organizações do Povo Paiter Suruí 
CIR - Conselho Indígena de Roraima.
APIRR – Associação dos Povos Indígenas de Roraima.
OPIR – Organização dos Professores indígenas de Roraima
OMIR – Organização das Mulheres Indígenas de Roraima 
CONJABA – Conselho das Organização e Indígenas do povo Javaé da Ilha do Bananal
CIX – Coordenação Geral Indígena Xavante
ATIX - Associação Terra Indígena Xingu 
OPRIMT -Organização dos Professores Indígenas de Mato grosso 
Instituto Raoni
FEPOIMT – Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso 
OPIN – Organização dos Povos Indígenas do Acre Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia 
OPIAJBAM Organização dos povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre –AM
COAPIMA – Coordenacao das Organizacoes e Articulaçoes dos Povos Indígenas do Maranhão 
APIO – Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque
UMIAB – Uniáo de Mulheres Indigenas da Amazönia Brasileira
APN 
Surinam 
Organization of the Indigenous Peoples in Suriname OIS
Talawa 
VIDS
Umari
Vrouwe Organisalie
Alle 34 Inheemse Dorpen Van Suriname

Colombia 
Organización de Pueblos Indígenas de la Amazonía Colombiana OPIAC 
Asociación de Autoridades Indígenas de Guaviaré CRIGUA II
Organización Zonal Indígena  de Putumayo OZIP
Asociación de Consejo Regional Indígena de Guainía ASOCRIGUA
Asociación de Cabildos Huitotos de Caquetá ASCAINCA

Guyana 
Amerindian Peoples Asociation APA

Venezuela 
Organización Regional de Pueblos Indígenas del Amazonas ORPIA
Federación Indígena del Estado de Bolívar FIEB
Unión de Comunidades Indígenas Warao UCIW-CONIVE Delta Amacuro
Consejo Nacional Indio de Venezuela CONIVE

Guyana Francesa
Federation des Organisations Autochtones de Guyane FOCAG.
Federation Lokono FL
Makana Pinius WAYAPI
Consejo de Caciques CC.G
Consejo Kauna MANA
Consejo Kalina KOUROU
Consejo Kalina AWALA
Consejo Kulakasi CK
Consejo Palikve MATAP




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